QUEM É MALU
Patrona dos Festejos Farroupilhas do RS em 2023
Cantora, compositora, atriz, mestre de cerimônias, radialista, apresentadora de TV e historiadora com pós-graduação em história do Rio Grande do Sul.
Intérprete da música latino-americana, consagrada nos Festivais do RS possuiu uma carreira de mais de 50 anos sendo uma das precursoras do Movimento Nativista.
Recebeu em 2008 o troféu “Mulher Farroupilha” instituído pelo governo do estado por sua contribuição através da música, para a arte e a cultura deste estado. Recebeu o “Prêmio Press”– como locutora e apresentadora de noticias do ano por três vezes.
Foi agraciada com a honraria máxima concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com a medalha do “Mérito Farroupilha em 2010”.
Apresentou o Programa MATEADAS na TV Assembleia e atualmente é apresentadora do programa FRONTEIRA ABERTA no POA STREAMING, todas as quartas-feiras 17h ao vivo. Ficando disponibilizado nas redes sociais e pode ser visto através da Soul TV onde vai para quase 200 países.
Na Rádio Guaíba (101.3 FM), apresenta o Programa NOS QUADRANTES DO SUL e participa com o CHASQUE DA MALU nos Programas GUAÍBA FIM DE SEMANA e DOMINGÃO GUAÍBA.
Sendo ambientalista, foca através de seu canto, o cuidado e a preservação da natureza e seus elementos.
O começo
Maria Luíza Benitez iniciou sua carreira em 1969 em Bagé, cidade localizada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Neste último ano da década de 60, Malu – como é conhecida – recebeu um convite para ler suas crônicas na Rádio Cultura.
Após trabalhar informalmente por um ano, foi contratada já como apresentadora de dois programas. Ainda em Bagé, a radialista trabalhou na Rádio Difusora e na Rádio Clube, tendo sido também locutora de programas de auditório.
A mudança para Porto Alegre
Em dezembro de 76, Malu optou por deixar a Campanha e tentar conseguir um emprego na Rádio Gaúcha, em Porto Alegre.
No dia do teste, Malu conta que teve que elaborar um programa dirigido ao público feminino. Foi então que nasceu “A hora e a vez da mulher”.
Aprovado, o programa entrou no ar no ano seguinte com diversas vozes femininas, uma inovação para os conservadores padrões daquela época.
A carreira na Guaíba
Após três meses trabalhando na Gaúcha e na Princesa, Maria Luíza conquistou o espaço aquela que era a “rádio dos seus sonhos”: a Guaíba. A oportunidade que Malu sempre quis surgiu por acaso: a frequência da Guaíba era próxima à da Princesa, o que facilitava a confusão dos ouvintes.
Malu tornou-se conhecida, graças à semelhança dos diais, e foi convidada para gravar comerciais na emissora da Caldas Júnior. Malu afirma até hoje que não sabia que a gravação dos comerciais era o teste para o sua contratação como atração da Guaíba.
Quando entrou na emissora de Breno Caldas, Malu trabalhava, também, na Rádio e na TV Difusora. Foram quase 15 anos trabalhando na Caldas Júnior, onde atuava como apresentadora dos programas “Guaíba Mulher” e “Pergunte à Guaíba”, um programa de enquetes e pesquisas.
Malu fazia ainda locução comercial na Rádio. A radialista conta que, nesta década e meia em que trabalhou na Caldas Júnior, entre meados dos anos 70 e início dos 90, presenciou e fez parte dos altos e baixos da Guaíba.
As dificuldades da Caldas Júnior
Quando ingressou na Rádio, a Guaíba tinha 15 locutores, que segundo Malu, eram exemplos de locução para todo o Brasil. Recebiam altos salários, além de cachês extras para a gravação de comerciais.
Com o acúmulo da dívida da empresa, a Caldas Júnior entrou numa longa crise que culminou com o fechamento do Correio do Povo, em 1984. Com a extinção do jornal da empresa, a Rádio também sofreu sérios problemas financeiros.
A defasagem salarial foi grande e os funcionários chegaram a fazer greve. Malu relembra das dificuldades da época, quando muitas parcerias foram desfeitas. A apresentadora revela que, para garantir a renda familiar, vendia sanduíches na região da Praça da Alfândega, nas proximidades da Rádio, para garantir o seu sustento.
Neste período complicado, explica que teve que mandar o filho para ser criado pela avó, em Santana do Livramento.
A carreira de cantora
Depois de se afastar da Rádio Guaíba, Malu ainda trabalhou na TV Educativa e no SBT,dedicando-se, depois, à carreira de cantora. Cantar era uma de suas maiores paixões, o que já fazia desde criança em programas de auditório no interior do Rio Grande do Sul.
Seu último trabalho em emissoras foi na Rádio Rural, onde apresentava um programa popular, também criação sua. Neste projeto, a apresentadora permaneceu por apenas seis meses, sendo obrigada a se afastar após um problema de saúde.
NICO FAGUNDES – Reportagem especial
28 de janeiro de 2008 | N° 15493
Maria Luiza Benitez,
a nossa Mercedes!
Ela é grande, tem um sorriso inconfundível, está sempre de bom humor e tem uma voz que, mesmo sem cantar, é musical e maviosa. É uma grande locutora,com muitos anos de rádio e uma bela apresentadora de festivais. Ser apresentado no palco por Maria Luiza Benitez, a Malu, é o primeiro prêmio que o cantor ganha em qualquer festival.
Ela nasceu em Bagé e seu pai era músico. Havia, aliás, muitos músicos na família, sobretudo no lado Benitez, castelhano. Sim, porque a Malu tem sangue também uruguaio, argentino e paraguaio, imaginem só. A guriazinha Malu era o diabo em pessoa! Infernizava a vida de todo mundo. Não por acaso foi expulsa do colégio em Bagé e mandada para o caro Colégio Centenário, de religião metodista, em Santa Maria. Pois num dia de culto a Malu se vestiu de diabo e apareceu no altar diante das religiosas e das outras alunas, fazendo careta, dando gritos e rebolando um garfo. Quer dizer: foi expulsa de novo.
Mas cantora ela já era. Primeiro, no coro colegial. Depois, como solista, interpretando o sucesso da época. Adolescente, era especialista no repertório do Teixeirinha, disputando, aliás, muitas vezes, os aplausos do público, com outra adolescente bonita de Bagé – Mary Terezinha…
Muito cedo ainda a Malu entrou para o rádio “bagense”. O rádio e os bochinchos vão interromper os seus estudos quando ela, aos trancos e barrancos, já cursava o terceiro ano da Faculdade de Direito.
Mudando-se para Porto Alegre, com a cara(linda) e a coragem, (muita) desembarcou na rodoviária e se tocou para a Rádio Gaúcha, onde o Celso Ferreira, encantado com sua voz, deu-lhe contrato para trabalhar como locutora. Logo a Malu passará para a Rádio Guaíba, onde fez fama e amizades, conquistando o respeito de todos. Depois passa pela Rádio Difusora e pela TV Educativa, onde fazia dupla de apresentadores com o inesquecível Darcy Fagundes. Aí vieram os festivais, e a Malu venceu vários como cantora, intérprete sempre procurada pelos compositores concorrentes.
Ela é muito cuidadosa na escolha dos músicos que a acompanham. E tem que ser, porque ela exige muito dos seus companheiros. Como ela gosta de cantar música nativista e latino americana, os músicos da sua banda tem que ter grande versatilidade. Ela já gravou quatro discos e está preparando o repertório para um quinto, onde vai explorar as nossas origens ameríndias em português e em castelhano.
Aqui em Porto Alegre, ela casou com Júlio, um gaúcho com sangue negro, e o casal tem um filho, o Julinho, que saiu gaudério como a mãe: agora mesmo está indo para a Europa.
Por curioso que pareça, a Maria Luiza Benitez é uma pessoa profundamente mística. Dizem os espiritualistas que ela é dotada de grande mediunidade, qualidade essencial que ela vem desenvolvendo muito nos últimos anos. No seu aprazível sítio, aqui em Itapuã, onde está o seu cavalo e os seus objetos de culto, ela recebe visitas e dá consultas espirituais. Verdadeira Shaman, pesquisadora das influências indígenas na formação americana do desenvolvimento espiritual do nosso povo, ela domina o Reike e adora fazer o bem, de semear paz, que é a sua grande bandeira. Mas não peçam para a Malu se meter em desavenças amorosas, porque ela acha que não é essa a sua missão.
“Maria Luiza Benitez é a nossa Mercedes Sosa – cantora e pessoa humana que ela admira por demais.
E eu acho que ela vai continuar assim, semeando paz com o seu talento de cantora e com a sua espiritualidade. Eu sempre lhe peço a bênção a cada encontro nosso. E isso me faz um bem enorme: “A bênção, Shaman!”.